Psicóloga fala sobre como combater o abuso sexual infantil
Terapeuta dá dicas de como proteger crianças e adolescentes da violência sexual
Por admin 21/10/2024 - Atualizado em 21/10/2024
O trauma do abuso infantil tem cura, é o que defende a psicóloga Aliny Vanessa Tavares Silva. Vítima de violência sexual, ela descobriu seu propósito de vida ao se aprofundar no tema e encontrou a própria cura ao buscar formas de proteger crianças e adolescentes.
“Trabalhar com prevenção significa carregar nos ombros a responsabilidade de proteger os sonhos, a inocência e o futuro de nossas crianças. Significa enfrentar o obscuro com a luz da informação, transformando medo em empoderamento, silêncio em diálogo. É dedicar cada dia à construção de um mundo onde as crianças possam crescer seguras, confiantes e livres do trauma que assombra tantas vidas. É plantar sementes de conhecimento e respeito, para colhermos juntos um amanhã mais justo e humano.”
Aliny, hoje com 34 anos, se formou em psicologia em 2012 e atuou por anos na clínica. Ao se tornar mãe (tem 3 filhos e um enteado), conta que mergulhou de cabeça nos estudos sobre a infância, foi quando se deparou com sua própria dor. “Descobri o chamado pela causa da prevenção ao abuso sexual infantil”, relata. Se tornou Master em Educação Sexual, Emocional e Prevenção ao Abuso Sexual (ESEPAS), certificada pelo MEC, e atua como reprogramadora positiva de traumas.
A violência sexual, na maioria dos casos, acontece dentro de casa. Dados do Anuário de Segurança Pública de 2022 apontam que 76,5% dos estupros ocorreram nas residências das vítimas. As meninas representam 85,5% das agredidas. Os meninos são afetados, principalmente, na faixa etária entre 4 e 6 anos. Desde 2019, houve um aumento no número de casos de violência sexual, especialmente contra meninas com menos de 13 anos. A maior parte dos abusadores são homens (95,4%), sendo 82,5% conhecidos da vítima, como pais, padrastos, irmãos e outros parentes.
A psicóloga diz que os responsáveis devem ficar atentos a “mudanças bruscas de comportamento, jogos sexuais inapropriados, infecções urinárias recorrentes, entre outros sinais”, que podem indicar abuso. A recomendação é conversar frequentemente com o menor. “A educação sexual e emocional adequada para a idade é essencial. É importante ensinar sobre limites corporais, consentimento, e orientar sobre como identificar e se proteger de abusos, usando abordagens lúdicas e envolventes.”
Também é papel dos pais orientar sobre o uso da internet e evitar expôr os pequenos. “Filtros de conteúdo, controle de acesso e diálogo aberto sobre segurança online são fundamentais. Além disso, é importante evitar a exposição inadequada nas redes sociais, incluindo fotos ou informações que possam atrair a atenção indesejada”, exemplifica.
Ela conta que atende pais com dificuldades de introduzir o assunto em casa. Ao buscar ferramentas lúdicas para trabalhar o tema com as crianças, não encontrou recursos. Foi quando surgiu a sua marca de jogos e produtos protetivos “Me Deixa Ser Criança”.
Além de atendimentos no consultório, ela faz palestras e promove a oficina “Meu corpo, minhas emoções” para crianças e adolescentes em eventos, igrejas, condomínios e escolas. “Levo às crianças informações de prevenção de abuso infantil de forma leve, sadia, sem a sexualização que a sociedade impõe nesses ensinamentos. Abrangendo as áreas emocionais e físicas, através da Educação Sexual Infantil no âmbito social e familiar.” Seu olhar é atento durante toda a apresentação. “Tudo isso com o olhar apurado da psicologia para as reações das crianças que possam indicar possíveis traumas”, acrescenta.
Como psicóloga cristã, ela escreveu um e-book sobre prevenção ao abuso sexual infantil à luz da bíblia e da ciência. Também é coautora de um guia prático e completo sobre Educação Sexual, Educação Emocional e Prevenção ao abuso, onde fala sobre o papel da igreja na causa. “Estou escrevendo minha autobiografia, retratando a vivência e a superação do abuso na infância. Além disso, estou produzindo histórias infantis para auxiliar pais a introduzirem o assunto com seus filhos de forma leve, saudável e adequada para a idade e outros e-books sobre o tema”, destaca.
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Psicóloga que sofreu abuso sexual conta como encontrou seu propósito ao lutar pela proteção de crianças e adolescentes