Comunicação Não-Violenta

Comunicação Não-Violenta

Nossa sociedade vive atualmente um momento de muitos conflitos e guerras ao redor do mundo, resultado de relações humanas adoecidas. Papa Francisco, em um de seus pronunciamentos, apontou que, para deter a guerra, mais do que estratégias, é necessária a audácia da paz. Essa cultura de paz começa em nossas atitudes cotidianas, na forma como […]

Por admin 24/11/2024 - Atualizado em 24/11/2024

Nossa sociedade vive atualmente um momento de muitos conflitos e guerras ao redor do mundo, resultado de relações humanas adoecidas. Papa Francisco, em um de seus pronunciamentos, apontou que, para deter a guerra, mais do que estratégias, é necessária a audácia da paz. Essa cultura de paz começa em nossas atitudes cotidianas, na forma como nos comunicamos e nos relacionamos.

A comunicação está no centro das nossas práticas sociais, presente 24 horas por dia. Se não estamos nos comunicando com as pessoas, estamos em conversas internas com nossos pensamentos e ideias.

Diante da necessidade de uma comunicação mais pacífica entre as pessoas, surgiu, na década de 1960, a Comunicação Não-Violenta (CNV), criada pelo psicólogo Marshall Rosenberg, propondo um caminho conciliador e pacífico.

O surgimento dessa técnica ganhou relevância ao combater o preconceito racial presente em escolas americanas. Anos mais tarde, a CNV ultrapassou fronteiras, chegando a diversos países, transformando a educação e até mesmo humanizando tratamentos de saúde. Reforçando a capacidade de ouvir sem julgar, a teoria teve grande importância na mediação de conflitos entre professores, alunos, famílias e toda a comunidade escolar. Como uma forma de comunicação mais empática, a CNV fortalece os vínculos humanos.

Por meio de uma prática que visa gerar mais compreensão e colaboração nas relações, a CNV dispõe de quatro componentes para que seja colocada em prática pelas pessoas: observação, sentimentos, necessidades e pedidos.

O primeiro deles, a observação, consiste em descrever um fato sem julgamentos, ou seja, separar o fato ocorrido da avaliação que fazemos sobre ele. Na sequência, o componente sentimentos refere-se à expressão das nossas emoções ao falar sobre algum fato, visto que nossa vulnerabilidade nos conecta. O terceiro componente está relacionado à necessidade. Por trás de toda ação existe uma necessidade; identificar as nossas, que muitas vezes são expressas implicitamente através de atitudes, ajuda a nos conectarmos com nossa humanidade compartilhada. Por fim, temos o componente pedido, que é a expressão de como gostaríamos de atender às nossas necessidades. Quando falamos claramente ao outro aquilo que desejamos, damos a oportunidade de colaboração em relação ao que é importante para nós.

Os componentes não são passos rígidos e não precisam acontecer em uma ordem específica. Podemos ainda optar por não trazer todos eles em nossa fala. Na verdade, essa técnica nos ajuda a melhorar a comunicação, saindo do modo automático de reagir. Auxilia a nos conectarmos conosco mesmos, aumentando as chances de sermos compreendidos e de termos nossas necessidades atendidas em harmonia com as do outro.

Dando um exemplo prático, diante de algum fato ou conflito, você pode fazer as seguintes perguntas:

  • O que de fato aconteceu?
  • O que estou sentindo?
  • O que é importante para mim?
  • Quais necessidades estão presentes aqui?
  • Eu tenho um pedido para outra pessoa?

Saber expressar as nossas necessidades respeitando as do outro é o caminho para uma comunicação mais pacífica. Gandhi, que inspirou o psicólogo criador da prática da CNV, traz em uma de suas frases a seguinte reflexão: Um ‘não’ dito com convicção é melhor e mais importante que um ‘sim’ dito meramente para agradar, ou pior, para evitar complicações.”

Por Natália Castello Branco

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